A Huawei, um país e dois sistemas empresariais
A promessa do “capitalismo popular”, realizada pelo socialismo com caraterísticas chinesas.
Os seus
representantes políticos (do mundo empresarial) integraram a frente popular, na resistência à
ocupação japonesa e, na guerra civil. O Kuomitang, procurava então instaurar na China um regime militarista, de
despotismo esclarecido, apoiado nos EUA e após a derrota japonesa enveredou
pela guerra civil, ciente da sua superioridade em homens e material bélico_ 5
milhões de soldados camponeses contra apenas um milhão do Exército Popular de
Libertação.
Mas a Reforma
Agrária de 1947, decretada pela conferência nacional que reuniu o Partido
Comunista e os oito partidos democráticos que já vinha sendo aplicada nas
regiões libertadas, entregou a terra e o
seu usufruto a mais de 350 milhões de camponeses, incluindo os camponeses ricos
e os grandes proprietários que quiseram continuar a cultivá-la, fazendo passar
para o seu lado o grosso das divisões de Chiang Kai-shek compostas
por camponeses soldados, obrigando o generalíssimo a refugiar-se em Taiwan,
protegido pela 7ª esquadra dos EUA, fundeada em Taipé, e por um regime autocrático e dinástico, que
duraria 42 anos. Os 8 partido democráticos viram a sua participação nos órgãos
de poder garantidos na Constituição da República Popular, tal como os vários
tipos de propriedade, com predomínio da pública.
Neste contexto
histórico, e com o processo de reforma e abertura, desenvolvido e ampliado por
todas as lideranças do estado chinês, a Huawei constituiu-se como uma empresa
privada independente propriedade dos seus trabalhadores, por meio de um
Programa de Propriedade de Ações para Funcionários (ESOP) que vigora desde a
sua fundação em Shenzen (1987). Ninguém pode possuir uma ação sem
trabalhar na Huawei e, em 2018, havia 96.768 trabalhadores acionistas. O
seu fundador, Ren Zhengfei, possui uma participação de apenas 1,14% na
empresa.
Os trabalhadores
acionistas, têm direito a um voto para cada ação detida, com o qual elegem
os membros da Comissão de Representantes. Em seguida, esta Comissão elege
o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal da empresa. Na eleição de
janeiro de 2019, 86.514 trabalhadores acionistas votaram para eleger 115
representantes em 416 seções eleitorais disseminadas pelo mundo inteiro.
A propriedade democrática
das ações representou um incentivo aos seus trabalhadores. A todos os níveis, ajudou a atrair os mais talentosos. E a
empresa enfatiza no seu balanço, que, ao contrário de muitas empresas de
capital aberto ( a referência ao "publicly-owned" não é relativo ao
Estado, mas à dispersão do capital em bolsa).as decisões da Huawei não se
baseiam na ambição de retornos trimestrais e dividendos anuais, mas no
cumprimento da sua função essencial: dignificar o trabalho e promover, com
planos de sustentabilidade a longo prazo, o desenvolvimento da nação chinesa e dos seus
parceiros internacionais.
Falácias e
notícias falsas. E as razões do sucesso empresarial
Democracia económica, nas relações de produção e nas parcerias externas, mais inovação_ A Huawei tem mais de 85.000 patentes, é mesmo
a número 1 do mundo em patentes de TIC, é a detentora de patentes número 1 na
Europa e uma das 50 maiores detentoras de patentes nos EUA. A Huawei tem mais
de 100 acordos de licença de utilização de patentes com muitas das principais
empresas globais das TICs, incluindo a Nokia, Ericsson, Qualcomm, AT&T,
Apple e Samsung. Desde 2001, a Huawei pagou mais de US$ 6 biliões para
licenciar as patentes _IP de terceiros, 80% dos quais foram pagos a empresas
americanas.
A Huawei investiu US$ 15 biliões em Investigação e Desenvolvimento I&D, em 2018 e nos cinco anos seguintes investiu mais de US$ 100 biliões. As suas receitas, beneficiaram das atuais leis e incentivos fiscais chineses em I&D, que se aplicam a todas as empresas na China, mas que representam apenas 0,2% da sua receita total.
A segurança_ Após mais de 20 anos de atividade em 170
países, conectando mais de 3 biliões de
pessoas, a Huawei não teve nenhum grande incidente de segurança cibernética
enquanto trabalhava com mais de 500 provedores de telecomunicações, incluindo a
maioria das 50 principais operadoras de telecomunicações.
Atualmente, a Huawei é a empresa mais escrutinada do mundo, para o que criou centros de testes no Reino Unido, Bruxelas e Canadá, que permitem testes independentes dos seus equipamentos. Nesta área, está em curso um programa de US$ 2 biliões adicionais para fortalecer as medidas de segurança cibernética. Neste contexto, a empresa chegou primeiro à tecnologia 5D.
A deturpação da Lei
de Inteligência Nacional da China e o “Plano (dos EUA) de Ação Estratégica para combater a ameaça colocada pela
República Popular da China”
No ano de 2021, dois documentos estabeleceram duas estratégias opostas para o mundo.
A “Iniciativa de Desenvolvimento Global” (GDI)_ proposta pela China na Assembleia das Nações Unidas em 2021, que visa recuperar e concretizar a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, colocada em risco pela pandemia e pelos conflitos regionais, com um forte contributo da China em todos os domínios críticos, da saúde à transição ecológica.
O denominado "Plano de Ação Estratégica face à China, para combater a ameaça colocada pela República Popular da China ", da responsabilidade do Departamento de Segurança Interna (DHS), dos EUA. Este plano é a chave para entender a intensificação de campanhas hostis sobre Hong Kong, Xinjiang e Taiwan, e incidentes como a suspeição em torno da tecnologia 5G.
O plano americano proclama o objetivo de salvar a América,
anuncia a restrição e vigilância policial de todas as atividades e cidadãos da
China nos EUA e preconiza uma parceria global alargada a todos os continentes,
incluindo o Ártico, mas também o espaço sideral, com a mesma intenção negativa.
O "Acordo Global UE-China sobre o Investimento, foi a primeira vítima
desse plano agressivo. E a maioria dos
partidos que constituem o Parlamento Europeu aprovou em seguida a “A Nova
Estratégia para a China”, que obedece aos desígnios e à linha política de
confronto com a China, preconizada pelo governo dos EUA.
A destruição do Nord Stream 2 e 1, ajudou a trazer a
recessão para a Alemanha e com a locomotiva do crescimento europeu gripada, a
União Europeia caminha igualmente para uma recessão global.
Para as multinacionais dos EUA, concorrentes da UE, os
golpes desferidos contra a Huawei e a queda da economia europeia, são apenas “danos
colaterais”, num confronto estratégico em que a guerra económica conduzirá a mais
graves conflitos militares e a Europa terminará desfigurada e fraturada, entre”
a Nova Europa,” a Leste, autoritária e “a Velha Europa”, em retrocesso
económico e democrático, ambas militarizadas, mas sem nenhum gatilho para se poderem
defender!
Muito pertinente e muito esclarecedor. Obrigado ao Público pela ioportunidade de disponibilizar nformação independente e detalhada. RL
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