(Que os lobos me perdoem esta imagem, perseguidos e quase extintos, pelo nosso medo e ugnorãncia)
*Falácias são
argumentos que, intencionalmente, se apresentam como não falsificáveis,
verdadeiros e sérios, e que recorrem a
pensamentos simplistas e meias verdades, citações e factos falsos, para iludir
a consciência crítica do interlocutor; querendo parecer tão evidentes que não
podem ser senão corretos.
Também podem ser
chamadas sofismas, que são raciocínios fabricados maliciosamente, mas
revestidos de verniz intelectual e filosófico, para intimidar e seduzir o
interlocutor.
Falácia 1: A
comunicação social não mostra a realidade, antes, ao tomar uma parte desta
realidade como o todo, seleciona aquilo que nunca veremos, bloqueado que fica o
nosso olhar, pelas imagens escolhidas pelas redações, que foram por sua vez
recrutadas pelos acionistas ou pelo ministro da tutela.
A certa altura, a
comunicação social deixa de falar no problema e é como se ele se estivesse a
extinguir, ou deixasse de existir.
As redações dos
órgãos de comunicação social dos pequenos países dependentes não produzem
conteúdos, pelo que se submetem a meia dúzia de gigantescos monopólios internacionais.
Existe, claro,
um rasto da passagem de jornalistas e órgãos de comunicação que estudavam o
contexto político-social, verificavam as fontes e promoviam o contraditório_
que não é sinónimo de pluralismo. Mas um rasto…quase impercetível e que tende a
desaparecer, por efeito da concorrência e da concentração de capital neste
sector.
O pluralismo é o
sucedâneo do contraditório, como o plástico é sucedâneo dos matérias nobres, faz
de conta que é porcelana ou ferro; dá-nos a ilusão do livre debate de diferentes
ideias, mas, na realidade, é quase sempre um coro, modelado com diferentes
tonalidades da mesma polifonia.
Esta é a metáfora do pensamento único,
embrulhado no velho papel do pluralismo, que o isola e protege do contraditório
e do pensamento crítico.
Na política,
passa-se exatamente o mesmo, sobretudo com o sistema bipartidário, de dois
partidos dominantes que formam o chamado o arco do poder, na verdade não é um
arco, mas uma besta com duas patas, que caminha de facto, lado a lado e sempre
para o mesmo destino: guerra económica e financeira, guerra militar, deixando
atrás de si um rasto de crise ambiental e um vazio ético.
Falácia 2: O
mesmo fenómeno se desenvolve nas redes sociais: onde, poderosas organizações de
propaganda, dos estados mais poderosos e das multinacionais, os serviços de contrainformação,
completamente invisíveis, estão cobertos pela multidão de biliões de
utilizadores “livres” e atuam á vontade, protegidos pela ausência de normas e
regulamentação jurídicas ou morais, “libertas” de qualquer enquadramento jurídico
nacional ou internacional.
O exemplo mais
claro desta aparente liberdade de expressão, é o controle de 56% do capital do
conglomerado Facebook, Instagram, WhatsApp, por um só acionista, Mark
Zuckerberg, que, arregimenta 25.000 controladores para decidir imperialmente
qual é a boa e a má informação acessível a 3 biliões de utilizadores.
E paga a
conselhos de sábios, para aplicarem no monstro o verniz da democracia.
Falácia 3: As
TV, rádios e imprensa, (e a multimédia em geral) não alinham as suas grelhas, programas,
notícias e produtos, segundo o gosto do público, verificado pelo número de
espetadores, ouvintes e leitores, o chamado share.
Na verdade, o
público, não é ouvido nem achado para nada e são as escolhas das redações, dos
acionistas, dos ministros…quem cria os produtos que, consumidos, geram o gosto,
de tal modo que essas escolhas moldam o gosto, impõem-lhe a visão do mundo e os valores éticos e estéticos que
perfilham.
Mas, as mais das
vezes, os produtos e conteúdos oferecidos são, simplesmente, fúteis, inestéticos,
amorais e pseudocientíficos, ou seja, alienantes.
Consequentemente,
o cinema como sétima arte já não tem espaço no mercado e sobrevive nas suas
margens.
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