We
focused our research in Iberian market, considering the development and high
quality of tourism data in Spain, and their significant ITA ranking and
incomes. And found objective contradictions in the inquire results about the
motivation for tourism travelling and the real activities do for the same
international tourists in Spain.
In
the first step, we try to distinguish the social structure of those
international tourists, to understand not only their real motivation but their
concept of social taste. At the same time, we examine, in the optical of
tourism offer, the influence of political conditions and scientific-technical
revolution, in the new conduct of tourists, and, in this perspective, the
validity of traditional packages and agents mediators. But
also, an even more radical change, the repositioning of the human being
face the Nature and inside Nature, made
by the Philosophy of Nature and Environment and their Environmental Ethical’s,
if tourist activity have conscience or not.
In
this context:
_
adding the concept of “taste”, from the domains of Sociology and Philosophy, to
the concept of “motivation”;
_
defining Cultural Tourism and (ecological) Tourism of Nature, and the principles,
economic and scientific that shall obey this activities and their products,
specially, Tours and Circuits making off;
_
we built a new ordered board about the tourist phenomenon, in critical
perspective to the conventional matrix
_ give a critical contribute to enlarging the
scientific scope of tourism research, considering not enough to apply the
methods of economic science to tourism economy, but also to conceptualize their
own economical theory_ how tourist merchandise is produced and be reproduced
the tourism capital, how is made the constitution of its value, price and
market competition, which is the nature essence, not only the economic core, of
tourist activity, questioning at the same time the traditional concepts of
service sector or "tourism industry" and repositioning the theories about tourism in relation to different
scientific modern paradigms.
Theme 4. Industry and Services Economy
1.
Introdução
Este é um trabalho de
divulgação científica, que procura construir uma linguagem de comunicação
universal, mas tendente a elevar os conhecimentos do seu leitor crítico ao
nível das descobertas da investigação aplicada, partilhando as primeiras
certezas e as dúvidas persistentes do autor. Mas sempre que tal se mostra
imprescindível, e porque estamos longe de existir um consenso académico acerca
dos conceitos elaborados para o turismo, o autor avança a sua própria
conceptualização e enuncia os filosofemas que em que a enquadra. Mas também é
necessário não confundir a simplicidade das ideias com a falta de profundidade
do discurso filosófico e científico, sobretudo porque na tradição do pensamento
filosófico e científico coexistem os tratados complexos com a tradição da
literatura de divulgação e o hermetismo também serve para cobrir a falta de
espessura dos conceitos científicos e dos filosofemas.
Pode o leitor menos
paciente, dispensar as incursões da narrativa no discurso filosófico e passar
aos temas específicos do turismo, a estrutura autónoma dos capítulos e
subcapítulos do livro assim o permite. Mas não aconselhamos que o faça em
definitivo, pois aí está a chave para compreender as cosmovisões dominantes e
as visões críticas da fenomenologia do turismo.
O turismo não é
apenas e exclusivamente uma atividade económica, mas jamais devemos subestimar
esta sua dimensão primordial, e, porventura, a sua crescente importância
económica é indissociável de algumas das mais profundas mudanças políticas e
sociológicas que marcaram o século XX: o crescimento da classe média instruída
e da sua mobilidade, facilitada pela formidável revolução técnico-científica; a
institucionalização e ampliação dos direitos democráticos dos cidadãos; a
contenção da guerra; mas também de uma ainda mais radical mudança, o reposicionamento
do Ser Humano no quadro da Filosofia da Natureza e do Ambiente e das suas
Éticas Ambientais, quer a atividade turística disso se aperceba ou não, cega
pela aparência das formas económicas tradicionais e pela expansão e sucesso
ininterrupto desta atividade nos últimos cinquenta anos, marcados pelo
empirismo e a absolutização do turismo como atividade económica de serviços.
A economia do turismo
e a constituição e reprodução do capital turístico, apresenta algumas
singularidades que pretendemos investigar. Já não se trata apenas de aplicar os
métodos da ciência económica à economia do turismo, mas de investigar e
conceptualizar como se produz a mercadoria turística e reproduz o capital
turístico, como se processa a formação do seu valor, preço e concorrência, qual
a natureza e a essência económica da atividade turística, questionando
simultaneamente os conceitos tradicionais de sector de serviços ou indústria do
turismo, tourism industry. Mas e
sobretudo, reposicionar as teorias sobre o turismo face aos diferentes campos
científicos e às suas definições anteriores à revolução técnico-científica que
os pôs em causa, ao fazer nascer os paradigmas da relatividade, indeterminação,
do caos, mas também da inter e multidisciplinaridade, e da pluri e transdisciplinaridade,
no contexto do emergir das filosofias e éticas ambientais. Entendendo aqui
ambiente como natureza mais cultura, reintegrando o Homem na Natureza como seu
elemento mas sem nenhum privilégio de domínio ou destino providencial.
Em paralelo, a teoria
turística parece aflorar apenas a realidade complexa do fenómeno turístico,
elaborar-se em permanente atraso face ao evoluir da praxis turística ou centrar
a sua controvérsia e confronto de ideias no campo das aplicações académicas e
na sua releitura e debate nesse circuito, fecundo mas limitado. As tensões
entre o mundo empresarial e o da administração, face à complexidade das
mudanças em curso e à crise que as acompanha, necessitam de respostas teóricas
capazes de explicar e resolver os novos problemas do turismo. Ora, se há labor
teórico cuja capacidade de representar o seu objeto de estudo depende da sua
validação pela investigação aplicada e pela competência para a resolução dos
problemas dos seus múltiplos agentes sociais, esta é seguramente a conceptualização
do turismo, fenómeno cuja dialética de mudança e de crise permanece obscura
para muitos dos seus protagonistas, decisores e para nós próprios, os
investigadores.
O turismo tem sido
estudado como uma atividade económica, a partir dos seus produtos e das suas
empresas. Mas porque viajam as pessoas e para quê? A Organização Mundial do
Turismo_OMT, a partir de um modelo conceptual que assenta nos serviços e
produtos oferecidos pelo mercado e no que parece ser a motivação e finalidade
dos diversos segmentos turísticos, criou um paradigma de categorias e tipificou
os seus produtos e atividades, que reavaliamos de um ponto de vista crítico.
Neste contexto,
construímos um novo quadro ordenado do fenómeno turístico, em crítica a essa
matriz categorial, agregando o conceito de “gosto” ao de “motivação”,
procurando decompor o significado real do “ócio” ou “lazer” e categorizar a
natureza complexa do fenómeno turístico, sem que se retire valor aos avanços
conseguidos pelas teorias económicas que desenvolveram múltiplos aspetos da sua
rede de negócios, do planeamento, da procura e do consumo, da sua aparente
transformação em indústria, da revalorização dos recursos naturais num modelo
turístico sustentável…
Particular relevância
será concedida ao estudo dos impactos económicos da exploração turística do
património natural e cultural, e das suas “externalidades”, em crítica às
visões redutoras dessas mais-valias, que, em tempos de crise, representam, ao
contrário da perceção do senso comum, um investimento seguro e altamente
reprodutivo.
Mas esta abordagem é
apenas uma das vias de análise da questão universal, o corpus científico dos estudos de turismo, na ótica de uma tradição
nacional de viagem, interpretação da paisagem humanizada e usufruto dos seus
patrimónios, muitas vezes premonitória em relação ao advento da modernidade
europeia, que urge investigar, recuperar e integrar na oferta turística,
plasmada na história da cultura científica, literária e artística, e que
permitem estabelecer a marca de identidade do destino turístico, neste caso,
Portugal.
As teorias sobre o
turismo avançaram muito na interpretação do fenómeno turístico, nos planos da
economia, da sociologia e da antropologia, observando a realidade e detetando a
sua anterior evolução. Importa agora construir uma teoria que permita
antecipadamente compreender porque mudam os seus paradigmas e de, forma prospetiva,
conceptualizar essa teoria de modo a transformar o devir do turismo,
compreendendo as suas crises e os meios para as conjurar e ultrapassar.
2.
TURISMO, NA MUDANÇA DE PARADIGMAS: TURISMO CULTURAL E ÉTICA
DO TURISMO
A atividade do
turismo enfrenta em toda a bacia do mediterrâneo o fantasma da crise do “modelo
de sol e praia”. Nos últimos anos, o otimismo deu lugar ao debate sobre os complementos
ou mesmo alternativas a este modelo, através da procura de um novo paradigma a
que se associa o turismo cultural e o turismo de natureza (ou ecoturismo) e a
diversificação do turismo em espaço rural, numa espécie de matriz redentora.
Estas designações
proliferaram sem que obedeçam a uma definição conceptual, de base científica e
tecnicamente aferida pela economia do turismo. O que são, afinal, o turismo
cultural e o turismo de natureza? E a que preceitos, científicos e económicos,
devem obedecer as respetivas Rotas e Circuitos, que igualmente proliferam sem
regras nem contornos definidos? E, neste contexto, qual a validade do
guionamento tradicional, dos pacotes (“packages”) e agentes mediadores? Em que
medida é que a oferta do alojamento, restauração, merchandising, animação,
transporte, agenciamento e guionamento, necessita incorporar novos produtos e
mesmo outros valores? Finalmente, qual é a avaliação histórica e científica,
literária e artística, da nossa tradição de viagem, de interpretação da
paisagem e usufruto dos seus patrimónios, a nossa identidade turística no
contexto ibérico e europeu? Como se transformam os recursos disponíveis nas
paisagens rurais e urbanas, paisagens culturais e selvagens, em produtos
turísticos? Como se constitui, reproduz e circula o valor, o capital e a
mercadoria/produto turístico? Qual é a
especificidade deste produto e do seu mercado?
Ao longo do processo
de investigação, cujo percurso sincrónico e diacrónico aqui revelamos,
procurámos fazer do debate em torno dos conceitos de paradigma e das condições
para a sua mudança a “Pedra de Roseta” destas questões, tendo como referência o
nascimento da Ética do Turismo, como ética aplicada da moderna Filosofia
Ambiental e da sua Ética.
Mas concedemos
particular atenção também aos conceitos de Rota e Circuito turísticos, que têm
vindo a ser usados arbitrariamente, sem que pareçam necessitar de uma clara
delimitação conceptual. O resultado desta indefinição, é, a maior parte das
vezes, uma confusa e imprecisa amálgama de conceitos e produtos, onde se
misturam turismo, cultura, sociologia, património, antropologia e, noutro
plano, a ineficácia económica.
O conceito de Rota e
dos seus Circuitos constitui, na nossa opinião, a chave para construir e
sustentar os destinos turísticos, e o elemento agregador de uma nova filosofia
do turismo, Nesta perspetiva crítica, reanalisámos esses conceitos e as
condições para transformar a Paisagem Cultural ( e a paisagem selvagem, dita
natural, onde a presença do homem é menos evidente, que não a influência antrópica indireta), com o
seu património material (ecologia da paisagem) e o seu património imaterial
(metafísica da paisagem), em produto turístico, no contexto do caracter
específico da economia do turismo.
Nesta linha de
investigação procurámos estabelecer os fundamentos técnico-científicos dos
conceitos de Rota e Circuitos, na sua ligação com as Cadeias de Valor da
economia do turismo e no quadro da análise do fenómeno turístico em todas as
suas dimensões contemporâneas.
Porque o problema de
sempre persiste: Como aumentar o tempo de permanência dos viajantes,
transformando excursionistas em turistas e nestes, elevar o nível de consumos
de qualidade e o grau de satisfação que conduz à promoção informal e ao
regresso, isto é, ao incremento da produtividade da denominada tourism industry e da sua
sustentabilidade e rentabilidade sociais, enquanto placa giratória de outras
atividades e serviços e motor de projetos de desenvolvimento sustentável!?
Para onde nos conduz
a mão de ferro do mercado, modernamente analisado dos dois lados, da procura e
da oferta, com o emergir da sociedade do conhecimento e da informação, de uma
nova classe média com instrução e cultura, de uma juventude info-instruída e um
crescente segmento de turistas que antecipam a reforma e ganham, eles também,
uma nova mobilidade à escala do mercado ibérico, europeu e internacional, que
se tornou, simultaneamente mais amplo e mais próximo, graças sobretudo ao
incremento dos transportes aéreos e aos voos de low cost, à melhoria das comunicações rodoviárias, ferroviárias e
marítimas e à difusão das tecnologias da informação e comunicação? O turismo,
enfim, não terá já evoluído para uma nova constelação de paradigmas e
construído o seu primeiro corpus científico autónomo.
2.1
Diversos paradigmas em
coexistência e conflito no Turismo Contemporâneo
A vulgarização dos conceitos, tomados como
evidências e senso comum, leva a que os adotemos sem nos interrogarmos sobre a
sua origem, natureza e evolução complexa. Assim sendo, antes de abordar o
significado de turismo, detenho esta reflexão no primeiro referente, recorrendo
à Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Surpreendentemente, emergem
vários níveis de significação no conceito de “indústria”:
Na origem da palavra o esforço do homem
para empregar as suas faculdades; mas também ideia e ensino; engenho e arte;
astúcia e artifício; aptidão e destreza; ofício. E, finalmente, “…conjunto de
meios empregados para produzir ou beneficiar géneros, transformar
matérias-primas para sua adaptação às necessidades do homem…” Cuja natureza se
reparte por diversos ramos. E se compõe de diferentes instalações fabris e
múltiplas atividades lucrativas.
Já no terreno da economia, para onde evoluiu
modernamente, o conceito de indústria diferenciou-se pelo “produto/mercadoria”
e pela capacidade de criar riqueza (como a agricultura, silvicultura, a
pastorícia e a pesca), separando-se do comércio (função de troca das
mercadorias) e dos serviços (função mediadora da produção e da troca).
Se abordarmos o conceito do turismo nesta
perspetiva industrial, temos de nos perguntar se de facto cria um produto e
gera novas mais-valias, se a sua atividade está para além da função de mera
troca de valores por mercadorias e ainda se constitui um mediador especial de
troca e consumo de produtos que lhes acrescenta valor real. A resposta a estas
perguntas permite-nos aferir da validade do conceito de indústria, no estrito
sentido da moderna economia e partir depois para a procura da correspondência a
outros significados que inicialmente listámos e estão adossados ao conceito de
indústria.
Podemos identificar e caracterizar doze
fileiras produtivas, no plano da oferta, diferenciadas concetualmente pelo
produto que oferecem e pelas estruturas que organizam a oferta, nelas incluindo
as dimensões física e metafísica, material e imaterial dos seus produtos
turísticos específicos:
1. O Turismo Cultural, nele incluindo os
museus, monumentos e sítios históricos e arqueológicos, galerias de arte,
nomeadamente os que são Património da Humanidade, festas e celebrações.
Integrando o Turismo Religioso.
2. O Turismo de Natureza ou Ecológico,
estruturado com a Rede de Parques e Reservas Naturais, Sítios Paleontológicos,
e os Centros de Interpretação da Natureza, alguns dos quais também recebem o
estatuto de Património da Humanidade, enquadrado pelos grandes quadros
paisagísticos. Onde se insere o Turismo de Saúde, assente na oferta termal, mas
também nos prazeres da água, alimentação funcional, passeios e itinerários
oferecidos pelos circuitos. E se articulam ainda os Desportos de Natureza.
3. O Turismo (em Espaço) Rural, de
descoberta das paisagens humanizadas (culturais) e dos ciclos de trabalho,
associado ao turismo ativo, ao turismo de golfe, ao turismo cinegético e à
pesca amadora, com elementos do turismo de saúde nas atividades de ar livre e
alimentação funcional.
4. O Turismo de idioma, dirigido à promoção
do conhecimento da língua e da cultura entre os estrangeiros.
5. O Turismo de Congressos e Negócios.
6. O Turismo Gastronómico e Enológico, com
relevo particular para a valorização do vinho, dos enchidos, dos queijos e das
receitas gastronómicas, com valor de ícones.
7. O
Turismo de mar e de rio, com as suas atividades de lazer e os seus desportos
característicos.
8. O Turismo Residencial de longa duração,
que se expande do litoral para o interior.
9. O Turismo Itinerante, que corresponde ao
emergir de uma nova classe de utilizadores das modernas autocaravanas e utiliza
as infraestruturas disponíveis para o turismo cultural e de natureza, embora
necessite igualmente de um novo tipo de parques para autocaravanas.
10. O
Turismo escolar e científico, que corresponde aos modelos das visitas de estudo
ou dos passeios intercalares ou de finalistas, que se prolongam para além de
uma jornada, mas também a percursos ou a expedições de carácter e objetivos
marcadamente científicos e culturais, ampliado pelo emergir dos museus (e
centros de ciência) e parques temáticos de 3ª geração e pela musealização da
arqueologia industrial.
11. O turismo desportivo e de desporto,
entendendo o primeiro como o que se refere á deslocação dos atletas e das suas equipas e o segundo relativo aos adeptos e
espectadores.
12. O turismo de
jogo e diversão, organizado a partir dos casinos e dos parques temáticos, com a
sua animação própria.
Enfim, julgamos que a tabela classificativa
apresentada, das doze fileiras produtivas, tem pelo menos o mérito de
configurar a atividade turística no quadro conceptual da autonomia e
diferenciação da sua “atividade económica ”.
Parece óbvio que
o consumo de qualquer daqueles produtos pelos turistas gera valor acrescentado,
tal é o caso da confeção de subprodutos, como os alimentos simples
transformados em menus de refeições, ou o alojamento preparado e arrumado por
terceiros. Já o rigor conceptual se desvanece quando verificamos que uma parte
dos produtos pode ser trocado noutros contextos comerciais e existem serviços
que funcionam em paralelo. Exemplifiquemos a partir do produto “museu”. Ele
pode ser visitado num contexto tendencialmente gratuito, por um grupo escolar
que desfruta dos seus conteúdos através do guionamento feito pelos serviços
educativos e da preparação logística e exploração pedagógica dos resultados a
cargo da escola, dos seus professores e da colaboração da autarquia no
fornecimento do transporte.
Assim sendo.
Colocamo-nos na linha de Licínio Cunha, quando escreve: “Se não é correto
designá-lo como sector, em razão da sua heterogeneidade, seria redutor designá-lo
por indústria…” (Cunha, 2007)
Seria redutor, também na nossa opinião,
porque a moderna abordagem conceptual da fenomenologia do turismo inclui uma
economia própria, uma perspetiva histórico-política, uma dimensão
sócio-cultural e uma dimensão antropológica, que já enforma o documento final
do Código Mundial de Ética do Turismo.
Mas é preciso
delimitar já o conceito de turismo e de turista “…the concept of
'tourist' should be used to describe any visitor staying at least one night in
the country visited. Whether the country visited is the individuals' usual
place of residence or not, tourists are respectively grouped into national or
international tourists (WTO, 1988; sections2.8, 2.8.1 and 2.8.2).
…Finally, the WTO also suggests to its member states that visitors should
be categorized according to the purpose of their visit, that is the reason the
visitor decides to take a trip, into the following groups:
_leisure and holidays (e.g., recreation, cultural events, active sports
(non professional), other leisure and holidays purposes);
_business and professional (e.g., meetings, missions, incentive travel,
business, _other); other tourism purposes (e.g., studies, health treatment,
transit, various) (WTO,1988; section 5.2 and Annex B).”
A definição geral de paradigma inclui uma “matriz disciplinar”, uma constelação de crenças, valores e técnicas
partilhadas pela comunidade (Kuhn, 1962).
O paradigma mantém-se estável enquanto é capaz de aumentar a precisão da
concordância entre observações e cálculos; quando pode ser ampliada a sua
abrangência de modo a cobrir novos fenómenos; é suscetível de determinar os
valores de constantes universais; permite formular leis quantitativas que
aumentam a articulação do paradigma; e permita criar novos processos para
aplicação em novas áreas. ). A mudança de paradigma só acontece quando, no
quadro de estudo dum quadro fenomenológico, se podem observar múltiplos e
inesperados acontecimentos e quando emerge um paradigma rival. Isso não
acontece de um dia para o outro.
Mas o reconhecimento da existência de dois paradigmas em competição
implica que os investigadores utilizem o mesmo quadro conceptual, o que, no
domínio do turismo, não é fácil, por causa da proliferação e diversidade de
inúmeros conceitos sobre a atividade turística. Torna-se assim imperativo
tornar mais universal a linguagem académica e científica do turismo, construir
o máximo consenso e rigor utilizados no estudo fenomenológico do turismo.
No nosso programa de investigação recorremos a duas metodologias, duas
estratégias, preconizadas por Lakatos, a heurística negativa, em que o programa
de pesquisa isola um “núcleo duro” de preposições que não estão expostas a
falsificações e uma heurística positiva, que é uma estratégia de teorização
progressiva que permita obviar “os pontos fracos” que surjam em qualquer etapa
do percurso investigativo. (Losee, 1980).
O turismo tem sido estudado como uma atividade económica, a partir dos
seus produtos e das suas empresas. Mas recoloquemos a questão inicial, porque
viajam as pessoas e para quê? E partamos da matriz criada pela OMT, a partir de
um modelo conceptual que assenta nos serviços e produtos oferecidos pelo
mercado e no que parece ser a motivação e finalidade dos diversos segmentos
turísticos, composto pelas categorias e atividades seguintes:
Figura 1. “List of categories of tourism characteristic consumption
products and tourism characteristic activities
2008 Tourism Satellite Account: Recommended Methodological Framework (TSA: RMF 2008). Jointly presented by the United
Nations Statistics Division (UNSD), the Statistical Office of the European
Communities (EUROSTAT), the Organisation for Economic Co-operation and
Development (OECD) and the World Tourism Organization (UNWTO)”
o estabelecer aquela nomenclatura a IRTS admite à partida algumas
dificuldades para objetivar todos os produtos turísticos e cria mesmo os
conceitos vagos de A.2 Other consumption
products, incluindo A.2.i Tourism connected products e “A.1. Products A.2.ii Non
tourism-related consumption products:
“3.6. The classification of products has been developed in IRTS 2008.
Besides consumption products, it includes all other products that circulate in
the economy of reference and have some relationship with tourism. Of these
products, two main subgroups are defined (Consumption products / Nonconsumption
products).
3.7. The classification that has been developed and its basic elements
are defined as follows (IRTS 2008 para. 5.16.):
A. Consumption products
A.1 Tourism
characteristic products: made of two subcategories
A.1.i Internationally comparable tourism
characteristic products which represent the core products for
international comparison of tourism expenditure; and
A.1.ii Country-specific tourism characteristic
products (to be determined by each country by applying the criteria mentioned in
IRTS 2008 para. 5.10. in their own context); for these products, the activities
producing them will be considered as tourism characteristic, and the industries
which principal activity is tourism-characteristic will be called tourism
industries;
A.2 Other consumption
products made of two subcategories, both to be determined by
each country and, consequently, country-specific;
A.2.i Tourism connected products comprising other
products according to their relevance for tourism analysis but that do not
satisfy the criteria mentioned in IRTS 2008 para. 5.10.; and
A.2.ii Non tourism-related consumption products all other
consumption goods and services that do not belong to the previous categories.” (IRTS 2008)
Esta conceptualização, se adequada para distinguir entre si os serviços
turísticos, não permite no entanto separar os produtos que são especificamente
turísticos do que são serviços prestados à sociedade em geral, seja nos
transportes ou na oferta cultural, como exemplos.
Mas sobretudo, tão pouco engloba todas as categorias de produtos e
atividades que configuram a oferta e a procura turística contemporâneas_ os
diversos Tipos de Turismo. Como seja, além do Turismo Cultural, o Turismo de
Natureza ( ou ecológico), o Turismo em Espaço Rural, o Turismo de Idioma, o
Turismo Itinerante, o Turismo Residencial de Longa Duração, o Turismo de Mar e
de Rio, o Turismo Escolar e Científico, o Turismo Desportivo e de Desporto.
Propomos esta distinção e categorização tipológica com base em dois
critérios: As diferentes estruturas orgânicas. A diferenciação dos seus
produtos.
O desenvolvimento da investigação estatística em países e mercados como
o de Espanha, que nas últimas décadas ascendeu ao segundo lugar do ranking das
ITA ( desceu em 2008 para 3º lugar e caiu depois para o 4º) e da renda do
turismo mundial, e possui talvez o mais completo e fiável sistema de dados
estatísticos sobre o turismo, permite aperceber imediatamente que este quadro
é, no mínimo redutor, mesmo dentro da sua própria perspetiva técnica e
conceptual, particularmente quando se ultrapassa o inquérito tradicional que
reduzia essas categorias a um leque ainda mais restrito:
Como assinala o estudo, 54,1% destes turistas internacionais realizaram
atividades culturais. As atividades em discotecas e outros locais de diversão
abrangem 23,6% dos turistas. Os desportos náuticos e golfe 20,2%. A gastronomia
8%. Cerca de 11% indicaram visitas a amigos e parentes.
Como se pode observar naqueles dois gráficos, elaborados em simultâneo, o
conceito de Ócio resulta demasiado vago e mesmo contraditório face à realidade
das “atividades realizadas”, onde as atividades culturais ocuparam mais de
metade dos turistas, revelando um outro fenómeno de grande importância social e
económica, confirmado pela evolução dos anos seguintes, que se esconde por
detrás do Ócio: a procura e o consumo das visitas culturais, somada à
assistência das atividades culturais e de outras atividades com a mesma
natureza, isto é, o Turismo Cultural, predomina sobre as atividades
tradicionais de divertimento,
Destas contradições e dados objetivos resulta que o “gosto” é uma
categoria que é indispensável estudar e que é determinante da “motivação” da viagem.
Nos anos seguintes, esta tendência acentuou-se.
Aparentemente trata-se de uma “revolução” nas preferências dos
consumidores, a que o mercado espontaneamente correspondeu, completando e
ultrapassando os produtos tradicionalmente associados ao ócio do sol e da
praia, tais são as atividades de diversão, discotecas, clubes…Mas,
provavelmente, estamos em presença sobretudo de uma “revelação”, que o
inquérito empírico, melhor detalhado, desvendou. (Queirós, 2007)
No plano conceptual, a superficialidade dos inquéritos que usam o
conceito da motivação é fruto da sua dissociação de outro conceito, que deveria
estar no cerne da recolha de dados empíricos e da investigação, o conceito do
gosto, que é originalmente dos domínios da Estética e da Sociologia.
De qualquer modo, esta mais ampla classificação das atividades
ocupacionais dos turistas, carece porventura de uma reformulação categorial,
pois não se pode incluir na mesma categoria de Atividades Desportivas o senderismo e o esqui-neve, este que
exige perícia e técnica desportiva e o senderismo
(caminhada), atributo intrínseco do ser humano, sendo necessário também
desagregar e tipificar categorias como Otros
deportes, 4.066 milhões e Visitas a Parques Temáticos, 5,148 milhões. E
também não é crível que exista uma tão grande percentagem de turistas (quase
14,8 milhões) que não realiza nenhuma atividade, traduzindo porventura a sua
resposta que não possui autoconsciência que os passeios espontâneos em que se
ocupa em novas paisagens o conduzem, de facto, ao esforço de tentar ler e
interpretar a paisagem cultural que pisoteia e atravessa e onde permanece a
descansar.
Atualizemos esta informação estatística para confirmar a justeza da
análise anteriormente realizada.
Fig. 3 b “Tabla Turistas internacionales según actividad
realizada durante el viaje 2011.”
O conceito de gosto. O gosto determinado
pelos valores éticos, estéticos e do património cultural e natural
”O homem cultivado faz da natureza sua amiga e honra a sua liberdade,
refreando apenas a sua arbitrariedade”. (Schiller, 1794).
Palavras subversivas, escritas contra o vazio ético de um tempo presente
que Schiller estigmatizava.
Provavelmente está em curso uma profunda revolução nas “motivações” e no
“gosto” da classe média, à escala internacional, provocando uma significativa
mudança no mercado turístico, que conduziu à coexistência de vários paradigmas,
com a ascensão clara do turismo cultural e do turismo de natureza.
A paisagem cultural, rural e urbana, começou a ser lida como um produto
turístico graças ao surgimento e difusão do paisagismo, na sua dimensão
científica e estética, e à organização da visita à paisagem em Rotas e
Circuitos, difundindo o gosto pela sua procura em todas as classes sociais. Mas
a questão do gosto está ligada intrinsecamente ao problema dos valores e
portanto, à ética e à moral social. A difusão dos valores da Ética Ambiental e
da sua Filosofia da Natureza e do Ambiente provocou igualmente uma alteração
substancial no conceito de qualidade do produto turístico, que agora se
valoriza quando tem um certificado ambiental, não apenas no âmbito da produção
mas sobretudo na sua dimensão imaterial. É
a questão que temos vindo a analisar, a propósito do surgimento do
ecoturismo, mas, na nossa perspetiva, ultrapassando este nicho de mercado em
crescimento, para envolver toda a atividade turística, como adiante se
procurará demonstrar.
Em paralelo, assistiu-se à valorização do património cultural, erudito e
popular, que aqui analisamos no contexto do turismo cultural, incorporando no
gosto social, particularmente da classe média, os seus valores específicos e
originando uma sucessão de conferências e resoluções internacionais, desde a
Carta de Atenas (1932), até ao processo de classificação pela UNESCO dos
sítios, monumentos e paisagens, como património da humanidade, que criou os
produtos de excelência do turismo cultural e também do turismo de natureza (ou
ecoturismo), ao lado das bandeiras-azuis do turismo de mar e de rio.
Na nossa pós-modernidade a Estética mudou os seus princípios
agarrando-se às ideias de autonomia, ao pluralismo das leituras e sentimentos
provocados pela arte, na arte e no artista, aceitando o papel ativo do
observador como parceiro da revelação dos seus elementos constitutivos.
Alimentar o gosto da nova classe média instruída pelos valores estéticos
da arte e da paisagem, impõe assim ao discurso turístico o imperativo de
adquirir e adotar uma narrativa não só informada mas também culturalmente
instruída, muito para além da descrição empírica, visual e cronológica ou do
relato formalista e historicista.
Podemos representar simbolicamente o processo de mudança de paradigma,
conforme a figura:
Fig 4. O Turismo
Cultural e de Natureza como vetor de mudança do paradigma turístico e placa giratória da economia do turismo
Este jogo de cores tem um valor simbólico e
operativo, tal como os semáforos. O vermelho significa que ainda não se
arrancou realmente para o novo paradigma de turismo ambiental, o laranja que se
prepara a transição de modelo, o amarelo que se inicia o movimento de passagem.
O que pretendemos demonstrar como estas primeiras reflexões é que os
dados económicos podem ter uma releitura e conduzir a outros resultados e,
posteriormente, a uma conceptualização da teoria do turismo, quer no plano da
sua economia específica, mas também na sua dimensão de relação social entre a
Natureza e a Cultura, entre a paisagem humanizada e a condição humana.
Mas, por outro lado, esta outra perspetiva do turismo, enquanto fenómeno
económico, mas também sociocultural, encerra uma terceira dimensão
antropológica, que nos conduz à Filosofia da Natureza e do Ambiente: o ser
humano, separado culturalmente da Natureza e das distintas culturas humanas
pelas conceções antropocêntricas e etnocêntricas, tem não só uma comum origem e
pertença à mesma e única família Humana, como está ecologicamente ligado ao
ambiente biológico, geológico e cosmológico de todos os seres e coisas. A
etologia contemporânea demonstrou que a capacidade de sentir a dor e o prazer
não é atributo exclusivo do Homem, tão pouco a inteligência ou mesmo a
capacidade de trabalho e da produção das suas ferramentas, tal como do trabalho
social, comum a outras espécies. Mas o sentimento estético e o gosto,
associados não apenas à criação artística mas também à relação com a natureza
de que faz parte, parecem ser atributos exclusivos dos descendentes do homem sapiens sapiens. Pode o turista das
classes populares ou o especulador financeiro em viagem de negócios não saber
distinguir o belo do sublime, duas categorias da Estética, mas nenhum desses
seres humanos deixará de vivenciar a presença destes valores na paisagem, mesmo
que com o silêncio de quem contempla o mistério ou o maravilhoso.
E chegamos a uma quarta dimensão do conceito, histórico-política. Na
consciência social e nacional da (s) Humanidade (s) e no seu inconsciente
coletivo, está gravada a viagem dos primeiros hominídeos que desde África
atravessaram o Mediterrâneo, cruzaram o Bósforo e atingiram a América e o
Ártico, vencendo os gelos polares; a memória dos primeiros
caçadores-recolectores que seguiram a marcha dos rios e os vales abertos pela
tectónica da Terra; depois construtores de dólmenes e menires, que permitiram
circunscrever a viagem ao entorno da pastorícia e da rotação agrícola e, num
eterno retorno, já na Idade Moderna, navegadores e exploradores de todos os
recantos do planeta, com o nascimento do capitalismo e as suas sucessivas
globalizações.
Criadas as condições políticas e sociais, com o advento das democracias
e socialismos modernos, a conquista do lazer social por novas classes sociais,
e a contenção da guerra, toda a Humanidade retomou a sua marcha histórica e fez
do próprio mundo o lugar de pisoteio do animal humano.
Esta perspetiva, que está para além da economia e da definição
tradicional do turismo, deve conduzir-nos ao estudo e investigação do fenómeno
turístico como um processo de antropologia sociocultural e também das suas
condições histórico-políticas, mas com uma economia própria, no quadro mais
vasto da Filosofia da Natureza e do Ambiente e das suas Éticas ambientais, sem
que se retire valor aos avanços conseguidos pelas teorias económicas que
desenvolveram múltiplos aspetos da sua rede de negócios, da procura e do
consumo, da sua aparente transformação em indústria, da revalorização dos
recursos naturais num modelo turístico sustentável…
1.1 Introdução à Ética do
Turismo
“For approximately
a quarter of a century, moral reflection has turned to a new object: the environment
(Larrère, 2007) .”
Se partirmos da
definição de ecoturismo da International Ecotourism Society, ecoturismo é:
“Responsible travel to natural areas that conserves the environment and
improves the well-being of local people.” (TIES, 1990),podemos concluir que este conceito se refere não apenas a
um segmento da atividade turística, o turismo de natureza, mas constitui uma
proposta alternativa de modelo de desenvolvimento, fundamentada numa filosofia
da natureza (Ziffer, 1989). Analisaremos mais adiante e no III Capítulo deste
trabalho o que consideramos serem os problemas, as limitações e insuficiências
do Global Code of Ethics for Tourism adotado pela Assembleia Geral da WTO em
1999 e dois anos depois pelas Nações Unidas, sublinhando que encoraja os agentes
de turismo a implementá-lo mas não lhe confere um carater obrigatório.
Parece que esta área permaneceu subdesenvolvida no que respeita aos
estudos académicos (Tribe, 2009) e é, de facto, surpreendente que continue
subalternizada como campo de investigação na área do turismo. (Fennell, 2009).
Partindo do pressuposto que os leitores conhecem o texto integral do “
Global Code of Ethics for Tourism”, muito pouco reproduzido e raras vezes lido,
procedemos aqui à sua avaliação crítica à luz dos princípios das novas éticas
ambientais:
A sociedade
moderna reconheceu a importância e magnífica utilidade da nova Filosofia da
Natureza e do Ambiente e das suas éticas práticas, com a realização da United
Nations Conference on the Human Environment, Stockholm, em 1972. Foram as
suas resoluções e princípios orientadores e usamos aqui a designação de principles
não no sentido do rigor filosófico do conceito mas no seu uso mais comum, que
determinaram a evolução das conferências seguintes e alcançaram finalmente o
domínio do turismo. Mas na verdade temos que nos interrogar porque é que foram
precisos 27 anos até à aprovação do primeiro Global Code of Ethics for
Tourism. Sendo que a controvérsia académica nesta matéria chega á área do
turismo não como proveniente do domínio da filosofia mas da política ambiental
que essas conferências reconheceram como de importância universal e portanto,
de relevância para o turismo. Apenas em 2002 e na conferência de Joanesburgo, o
turismo surge com uma recomendação autónoma, na sequência da World Ecotourism Summit, realizada na
cidade do Québec City, entre 19 and 22 May 2002 e onde tem origem a“Quebec declaration on ecotourism”.
Da primeira Conferência realizada em
Estocolmo emergem o princípio da “casa comum” “…o homem tem duas pátrias, a sua
e o planeta Terra”, o princípio da Comunidade e da solidariedade planetárias,
fundadores de uma nova ordem (ética e política) internacional e o princípio de
defesa da vida planetária e da sua biodiversidade.
Esses princípios estabelecem uma primeira
demarcação com a visão cultural e política do etnocentrismo. A crítica ao
etnocentrismo tem como postulado: "Etnocentrismo é uma atitude
emocionalmente condicionada que faz considerar e julgar outras sociedades pelos
critérios originados pela própria cultura. É fácil ver que esta atitude leva ao
desprezo e ao ódio de todas as espécies de vida que são diferentes daquela do
observador (Dias, 1961).”
A crítica ao
etnocentrismo conduz não só ao respeito por todas as culturas nacionais, e por
todas as formas de expressão cultural, eruditas ou populares, mas também
rejeita qualquer noção de superioridade de um modelo social, de raça ou etnia.
Neste sentido
alarga o conceito dos produtos de turismo cultural para além das dos grandes
museus, obras-primas e do património clássico.
O princípio
filosófico e ético da crítica ao etnocentrismo aplica-se diretamente aos
conteúdos do Código Mundial de Ética do
Turismo, nomeadamente do “ARTIGO
1º Contribuição do turismo para a compreensão e respeito mútuo entre homens e sociedades”,
do “ARTIGO 2º O turismo, vetor de desenvolvimento individual e coletivo”, do “ARTIGO 4º O turismo, utilizador do património cultural da humanidade e
contribuindo para o seu enriquecimento”.
O
Código sublinha que “A atividade turística deve ser concebida por forma a
permitir a sobrevivência e desenvolvimento de produções culturais e artesanais
tradicionais, bem como do folclore, e não para provocar a sua padronização e
empobrecimento” ( Artigo 4º). E também que o turismo deve promover “A compreensão
e a promoção dos valores éticos comuns à humanidade, num espírito de tolerância
e de respeito pela diversidade das crenças religiosas, filosóficas e morais,
são ao mesmo tempo fundamento e consequência de um turismo responsável; os
atores do desenvolvimento turístico e os próprios turistas devem ter em conta
as tradições ou práticas sociais e culturais de todos os povos, incluindo as
das minorias e populações autóctones, reconhecendo a sua riqueza” (Artigo 1º).
Numa linha da crítica ao etnocentrismo.
A crítica ao
antropocentrismo: ampliando o conceito de comunidade
A crítica
filosófica ao antropocentrismo põe em
causa a visão religiosa que concede ao Homem, criatura eleita por Deus para
presidir à criação divina, a apropriar-se da Natureza para os seus fins, sem
qualquer limite ou restrição e o primado do crescimento económico sobre o
desenvolvimento sustentável..
Os princípios da
Conferência de Estocolmo, que emanam da crítica ao antropocentrismo, estão
diretamente vertidos nas normas do Código Mundial de Ética do Turismo dos “ARTIGO 3º O turismo, fator de desenvolvimento sustentável”, do “ARTIGO
4º O turismo, utilizador do património cultural da humanidade e contribuindo
para o seu enriquecimento” e do “ARTIGO
5º O turismo, atividade benéfica para os países e comunidades de acolhimento”.
O Código prescreve
uma política integrada de conservação da natureza e do património cultural e
prescreve mesmo que essa política conservacionista prevaleça sobre os impactos
ambientais negativos da atividade turística: “ …os atores do desenvolvimento
turístico, nomeadamente os profissionais, devem permitir que lhes sejam
impostas limitações ou obstáculos às suas atividades quando elas sejam
exercidas em zonas particularmente sensíveis: regiões desérticas, polares ou de
alta montanha, zonas costeiras, florestas tropicais ou zonas húmidas, propícias
à criação de parques naturais ou reservas protegidas…” (Artigo 3º, na linha da crítica ao antropocentrismo.
Neste ponto
intermédio do nosso ensaio, parece haver uma perfeita convergência entre a
Conferência de Estocolmo e o Global Code of Ethics
for Tourism,
num contexto em que emergem dois diferentes paradigmas no mercado turístico: O
ecoturismo e a visão hedonista inspirada por filósofos como Jeremy Bentham, que
identifica o perfil do turista contemporâneo com a procura do prazer e da
liberdade individual.
Mas, entretanto, uma nova perspetiva ética
emergiu, tendo como uma das referências fundamentais a reflexão
sobre a Ética da Terra de Aldo Leopold: All
ethics are based on a premise: that the individual is a member of an
interdependent community …The land ethics simply enlarges the boundaries of the
community to include soils, water, plants, and animals, or, collectively: the
land (Leopold, 1947) .
E o risco de potencial conflito entre a
Filosofia Ambiental e o Global Code of
Ethics for Tourism viria a ser ampliado com o surgimento de uma nova
corrente ética: A Ética Animal! Que coloca o problema de os animais serem
tratados como sujeitos de “direito”.
Em suma, porque concluímos afinal que o
Código não parte da visão filosófica ambiental e das suas éticas? A perspetiva
das Éticas Ambientais é sistémica, o Homem já não está no centro do seu
conceito de Valor, como senhor absoluto e discricionário da Natureza. Segundo a
perspetiva das éticas ambientais, cada atividade humana, incluindo as
atividades turísticas, deve subordinar-se ao respeito e conservação pela
“comunidade biótica e abiótica”, a Ética da Terra e a Ética Animal com os seus
valores, no sentido filosófico, Ético e Estético.
Acresce
que a atualidade dos princípios enunciados pelo Global Code of Ethics for Tourism, e as suas relações com o emergir
da crítica da filosofia ambientalista ao antropocentrismo e ao etnocentrismo,
não impede que não se tenha em conta a o seu carater vago e genérico e não
imperativo.
Ética e Turismo. A
perspetiva filosófica
Partindo do pressuposto de que o leitor dos temas sobre economia e turismo não está familiarizado com o
pensamento ambientalista e a reflexão da Filosofia Ambiental, importa pontuar
esta análise com algumas notas de referência e uma breve panorâmica sobre a
nova cosmovisão das relações entre Cultura e Natura.
Os autores envolvidos na investigação sobre a Ética e o Turismo, propõem
três paradigmas com particular relevância para esta área: “…the Aristotelian
paradigm of virtue ethics, eudaimonia; the Kantian paradigm of the categorical
imperative respect for the person and the paradigm of the utilitarian ethics
considering the greatest good” (Jamal and Menzel 2011). A sua perspetiva
científica e ética continua a ser exclusivamente humanista.
Na obra The Imperative of Responsibility. In Search of an Ethics for the
Technological Age, o autor, judeu alemão emigrado para o Canadá e os EUA,
perante a tremenda influência da técnica moderna sobre a natureza, formula um
novo imperativo categórico para a ação do homem, mais além da máxima kantiana
de conformação dos atos individuais com o princípio de uma lei universal e
desenha um novo quadro ético, o qual resulta da necessidade de configurar a
conduta humana nos limites que salvaguardem a continuidade da vida e a sua
diversidade. “Act so that the effects of your action are compatible with the
permanence of genuine human life# (Jonas, 1979). De acordo com este princípio ético estamos no limite
do humanismo, mas não atravessámos ainda a fronteira do antropocentrismo.
Neste contexto, qual é o melhor caminho (ambientalmente e eticamente
correto) para implementar o artigo “10º
Implementation of the principles of the Global Code of Ethics for Tourism?”
O debate em torno ao ecoturismo foi um bom ponto de partida para a
reflexão em torno das relações entre turismo e as novas éticas, mas também
corre o risco de se tornar redutor. Ele necessita de ser desenvolvido no quadro
da Filosofia da Natureza e da Filosofia Ambiental, e das suas Éticas.
Retomando as perguntas capitais que a obra de Bento Espinosa colocou no
advento da nossa modernidade, como pensar a explicação racional da existência
do homem e do universo, como adequar o pensamento filosófico à razão de ser de
tudo o que existe e como transformar a vida espiritual em plena compreensão e
serena fruição da vida até ao seu limite? A Filosofia da Natureza e depois a
Filosofia do Ambiente permitiram construir uma nova ontologia em crítica ao antropocentrismo,
uma nova epistemologia, fundada na crítica ao etnocentrismo e uma nova teoria
ética, de valor universal e de conteúdos práticos aplicáveis a todos os
domínios sociais.
Tal como na filosofia de Espinosa e depois nos filósofos ambientalistas,
o impulso fundamental de reflexão da filosofia ambiental foi a questão ética e
são os problemas morais.
O esforço para distinguir os conceitos de ética e moral, ética normativa (o que devo fazer) do
conceito filosófico ou meta-ethics (qual é a natureza do bem), pode não ser
assim tão simples. Se ética normativa é
o que o comum das pessoas entende por “ética” e meta-ethics pode ser o que o senso comum designa por
moralidade…tal sucede no quadro da visão antropocêntrica destes problemas. E, a verdade é que, no último
século a reflexão moral se orientou para um novo centro, o ambiente.
As éticas ambientais evoluíram em dois principais ramos: O Biocentrismo,
uma teoria universal sobre o valor moral intrínseco de todos os seres, que por
isso exigem o nosso respeito. E o Ecocentrismo, uma ética da comunidade
biótica:” how Nature can be a community of which we are members, and in within
which it is possible for us to conduct ourselves well. (Leopold, 1947)…mas também a deep ecology e
por aí adiante...”
A ética ambiental, na nossa visão filosófica, assente nos dois
princípios_ a crítica do antropocentrismo e a crítica do etnocentrismo, procura
dar uma resposta universal aos problemas fundamentais da nossa era: a crise
ambiental, social, económica e política, a ameaça representada pela guerra
nuclear e pelas armas de destruição massiva…e contribuir para reformular as
atividades humanas em todos os domínios; tal foi o caso da Bioética, no campo
da saúde e, mais tarde, do turismo, da ciência e da política.
A moral é sempre uma expressão e representação determinada pelo contexto
histórico e pela dominação social, o que lhe confere um caracter sectário.
Necessitamos de uma teoria moral que possa ser universal, intemporal ( projetada no presente e no futuro) e capaz
de orientar a conduta individual, a ciência e as ideologias políticas, mas que
não considere o homem como o produto final da evolução da Vida. A
biodiversidade da Vida, com a Vida Humana, representa apenas o cume atual da
complexa evolução do Cosmos, mas nós não sabemos se a nossa espécie, nascida na
Terra, representa o elo final da evolução cosmológica. Por isso o imperativo ético de conservar a Vida e não apenas o Homem e
de conservar a Vida antes do Homem, e a Terra, berço da Vida cósmica e por ora
o único berço, devem ganhar força moral nas sociedades humanas. Sendo certo
que o Homem é simultaneamente predador e criador de novos biótopos e sendo hoje
a forma mais complexa da Vida, a sua extinção poderia bloquear a expansão da
própria diversidade, pelo que e nesta perspetiva o Humanismo moral regressa ao
centro da reflexão filosófica ambiental e da Ética Ambiental.
Para procurar uma resposta a estas questões, nasceu uma nova perspetiva
ética, uma teoria construída com os princípios ( meta-ethics, que definem a natureza
do “bem”) aplicados a todas as atividades humanas (as éticas práticas, que configuram a moral
social e as suas deontologias), incluindo as atividades turísticas.
- Contribuição
para o desenvolvimento crítico da Economia do Turismo
A caracterização do Turismo Cultural com base
no património construído, nos espetáculos, descoberta dos estilos de vida, eventos
e acontecimentos de índole cultural, proposta por Swarbrooke (2002),
transmite-nos uma visão aproximada da diversidade dos contextos e produtos de
turismo cultural, mas deve estar conectada com o funcionamento específico de
economia do turismo e, neste contexto,
levar-nos a estudar como hoje se constitui e ser reproduz o capital
turístico na sua relação com o património e a denominada “indústria de
cultura”, mas também a reconhecer a extensão de penetração cultural na
atividade turística, que pode ter levado a mudanças profundas no paradigma
tradicional de turismo.
Avancemos então com a nossa própria definição de turismo
cultural e também de turismo de natureza:
Como podemos
conceptualizar o turismo cultural, abarcando toda sua diversidade teórica, as
estruturas orgânicas e produtos? Propomos a seguinte definição: É uma actividade produtiva orgânica do turismo e compreende uma gama
de produtos turísticos que incorporam,
ao nível da concepção, organização e promoção, conteúdos e matérias dos
domínios da cultura e da cultura científica, em particular, da museologia e das
ciências do património, mas ajustados à dinâmica e aos objectivos da economia
do turismo, no quadro da gestão das suas Cadeias de Valor.
Esta definição deve
ser complementada com a indentificação das suas estruturas orgânicas e dos seus
produtos específicos. Nas estruturas orgânicas do turismo cultural incluímos os museus, monumentos
e sítios históricos e arqueológicos, galerias de arte, nomeadamente os que são
Património da Humanidade, festas e celebrações, que são os referenciais do seu
património material e imaterial.
Também o Turismo de
Natureza é uma actividade produtiva orgânica
do turismo e compreende uma gama de
produtos turísticos que incorporam, ao nível da concepção, organização e
promoção, conteúdos e matérias dos domínios ao nível das ciências do ambiente; mas ajustados à dinâmica e aos
objetivos da economia do turismo, no quadro da gestão das suas Cadeias de
Valor. As principais estruturas de Turismo de Natureza (aqui considerado como
sinónimo de turismo ecológico) são os parques e reservas naturais, parques
paleontológicos e centros de interpretação da natureza, e a sua paisagem, que é
paisagem humanizada (paisagem cultural ou "terroir"), especialmente
aqueles que são classificados como Património da Humanidade.
À sua oferta
conjunta, que pode incluir a fileira e os produtos do Turismo em Espaço
Rural “…de descoberta das paisagens
humanizadas (culturais) e dos ciclos de trabalho”, denominamos Turismo
Ambiental.
3.1 Uma estranha
economia!?
Analisemos primeiro como na economia do
turismo se processa a geração do valor e a produção de mais-valias nas suas
Cadeias de Valor. Para chegarmos mais tarde ao conceito das suas
externalidades, que é fundamental para a compreensão do carácter específico da
economia do turismo, da sua produtividade e competitividade.
3.2 Forma e essência
do recurso turístico. Valor acrescentado, criação da mercadoria (produto) turístico.
E reprodução do capital turístico
O conceito de “indústria turística” conduziu
a olhar os recursos locais_ biológicos e geológicos, agro-pecuários e
silvícolas, etc. como as suas matérias-primas. Na verdade os primeiros são
utilizados e transformados por outras indústrias, e, em muitos casos, a
atratividade do turismo exige sobretudo a sua conservação. Quanto aos segundos,
o seu consumo é partilhado entre residentes e viajantes.
O que constitui recurso turístico é a
paisagem cultural ( ou selvagem, onde a influência antrópica é menos evidente)
, humanizada, que investigaremos a seguir. A sua leitura e interpretação é a
base da criação do produto turístico e da sua primeira metamorfose de valor. É
a “ecologia da paisagem” e a sua “metafísica”, que constituem a essência do
recurso turístico, mas só a sua interpretação e leitura lhe confere um novo
acréscimo de valor cultural e económico. A paisagem não é um livro aberto,
inteligível empiricamente. A sua transformação em produto turístico passa pela
sua legibilidade, que lhe confere valor de uso;
é uma metamorfose que, no plano da economia gera valor, e é também um
processo de literacia cultural, mediado
pela construção da linguagem de comunicação turísticas; o resultado deste
processo altera a forma e a essência dos conceitos tradicionais de recurso e de
produto turístico.
A História Natural, servida pelas Ciências da
Terra, pela Geologia e a Geomorfologia em particular, revela-nos a diversidade
do património geológico e aos seus monumentos naturais. O Prof. Galopim de
Carvalho (1996 ) propõe, nesta matéria,
a classificação de três tipos de Geomonumentos: Afloramentos, sítios e
paisagens, de dimensão física crescente.
As Ciências da Vida, informam-nos das
dimensões e do valor da biodiversidade, sobretudo a Biologia e a Botânica, tal
como sobre o valor dos novos biótopos resultado da humanização da paisagem. A
História Social, nas suas valências arqueológicas, artísticas e etnográficas,
permite-nos usufruir do património construído, das obras de arte e literatura,
e dos objetos e peças etnográficas.
E quando abordamos estas “matérias-primas”,
não nos esquecemos da sua dimensão imaterial, traduzida no imaginário erudito e
popular e nas suas expressões criativas, na literatura, na dança, no filosofar,
na música…
A expansão da espécie humana por todas as
regiões do globo e sua adaptação à diversidade dos habitats gerou na Idade
Moderna uma nova relação da Humanidade com a Natureza: deixaram de existir os
grandes quadros naturais puros, toda a paisagem se transforma, direta ou
indiretamente, pela atividade humana, produzindo ora inomináveis destruições
ora novas paisagens culturais.
O capital turístico não se constitui apenas
com o investimento imobiliário e em equipamentos de turismo (capital fixos), e
em capital variável ( quadros e trabalhadores especializados, planeamento,
gestão e marketing), mas cada vez mais com a adição de investimento
intelectual, científico, cultural na criação de produtos turísticos, como são hoje
os do turismo cultural e os de turismo da natureza ( ou ecoturismo).
3.3 Mercado de
concorrência ou mercado cooperativo?
Estes novos produtos turísticos, como
mercadorias que são, possuindo embora um valor acrescentado e de troca
comparável às mercadorias comuns, comportam-se face à concorrência de um modo
peculiar, que importa pôr em evidência. Cada novo turista ganho para o gosto
por um determinado produto do turismo cultural ou de natureza, tenderá a
procurar e consumir todos os produtos afins, isto é, visitar todos os outros
museus, monumentos, parques naturais, etc.. Esta concorrência, pela
diferenciação, gera complementaridade e redes de cooperação, em vez de exclusão
do concorrente.
A esta luz também as noções de
competitividade ganham aqui um significado próprio e o desenvolvimento
económico das novas formas de turismo cria uma dinâmica singular e aglutinadora
que determina a evolução de outras áreas económicas a montante e a jusante,
como seja, a necessidade de promover uma economia de conservação da natureza e
dos patrimónios culturais, e, em paralelo, a promoção da agricultura
sustentável e da reforma da construção civil em favor da reabilitação
arquitetónica e dos conjuntos urbanos ou a disseminação das infotecnologias e
da cultura cibernética.
3.4 Agências, cultura
cibernética e alojamento não-hoteleiro
No quadro da sociedade da informação e do
conhecimento, a procura de programas individualizados de visita, autonomamente
selecionados, predomina sobre a oferta de “packages” (pacotes turísticos), do
mesmo modo que a busca de informação, reserva e mesmo pagamento através da
Internet e das diversas infotecnologias, tende a prevalecer sobre a ação de
agenciamento, obrigando as agências de viagem a procurar novos graus de
especialização e qualificação dos seus produtos e as unidades que estruturam as
Cadeias de Valor da Indústria Turística a passar da cultura analógica para a
cultura digital, integrando ambas na sua oferta. Podemos ilustrar este fato com
o exemplo do mercado espanhol, onde mais de 70% dos turistas internacionais
viajam sem package, utilizando
preferencialmente a internet para colher informação, reservar e até pagar,
construindo o seu próprio programa de férias.
Este processo desloca o centro da promoção
turística para a cultura cibernética e, paradoxalmente, para o “passa palavra”,
só que agora, em rede universal.
Acompanha esta tendência, para a autonomia do
turista, a migração do maior tempo de permanência, do sector hoteleiro para os
sectores do aluguer, empréstimo e compra de habitações turísticas, de tal forma
que emergiu uma nova fileira produtiva no turismo, o “turismo residencial de
longa duração”, de âmbito internacional, que não deve ser confundido com as
segundas residências para cidadãos nacionais, sendo estas, muitas vezes,
contrárias ao próprio desenvolvimento turístico.
Também aqui esta tendência é observável no
mercado espanhol, onde a média de permanência em residência atinge 15 dias,
face aos 12 nos estabelecimentos hoteleiros, sendo que este alojamento continua
a ser dominante.
3.5 Externalidades.
Uma revolução silenciosa na relação alojamento-património: A nova função a =
f(p).
Durante longos anos os hotéis e afins
corporizaram os principais polos de atração turística. O que mudou deste então?
Seja “a” a variável do alojamento e “p” a
variável que representa o conjunto do património natural e cultural. A lei
matemática assenta na correspondência entre a e p, correspondência unívoca no
sentido a→p. Anteriormente, dizíamos que a variável p é uma função variável de
a e escrevemos simbolicamente p=f(a), sendo que a (alojamento) era a variável
independente e p (património) a variável dependente. Ora, o que resulta do
emergir de uma nova classe média culta, da emancipação da mulher contemporânea
pelo trabalho, de uma juventude cada vez mais instruída e da antecipação da
reforma ativa em segmentos da classe média, é uma mudança de gosto e de
motivação nas viagens, provocando uma inversão funcional.
Atualmente a=f(p), isto é, a generalidade das
unidades hoteleiras, na sua uniformidade construtiva e de serviços, deixou de
ser o polo de atração, tendendo a tornar-se dependente da existência na sua
área funcional de mercado de valores patrimoniais conservados e acessíveis ao
público. Esta nova relação unívoca tornou o alojamento uma variável económica
dependente do património.
No
campo da matemática, em rigor, a um valor de “p“ corresponde um só valor de
“a”, mas, no mercado turístico, o mesmo monumento, sítio ou paisagem é
visitável a partir da existência de várias unidades hoteleiras, relativamente
próximas.
Ao alterar-se esta relação funcional entre
alojamento e património, fica posta em causa a própria natureza do alojamento
tradicional, pelo menos em quatro dimensões:
1ª: A exigência de qualidade construtiva no
que concerne ao valor arquitetónico da obra, correta inserção paisagística e
gestão ambiental.
2ª A necessidade de conformar os seus
serviços com os valores patrimoniais da paisagem cultural onde se insere,
oferecendo os seus produtos mais genuínos na construção, restauração e no merchandising.
3ª A diversificação da oferta, complementando
o serviço de alojamento, restauração e merchandising,
com o de animação, e em especial com a proposta de Rotas e Circuitos de Turismo
Cultural e de Natureza.
4ª A eliminação das barreiras arquitetónicas,
de modo a acolher todos os hóspedes com necessidades especiais e a criação de
estruturas paramédicas e de lazer adequadas, sobretudo aos turistas seniores:
desde o acesso rápido a serviços de saúde aos parques gerontológicos.
A visão dominante na atualidade, que soma os
proveitos obtidos com as entradas nos museus, parques naturais e afins, com os
resultados da sua loja, restaurante, do guionamento e outros serviços
proporcionados pelas estruturas do turismo cultural ou do turismo de natureza,
constitui uma perspetiva redutora que não tem em conta as externalidades positivas
e a mudança de carácter da relação funcional entre as Cadeias de Valor da
Atividade Turística e o Turismo Cultural e de Natureza, que designamos
genericamente como Turismo Ambiental.
- Conclusões
A definição atual do conceito de turismo não
pode ser reduzido ao de setor da economia, porque a moderna abordagem
conceptual da fenomenologia do turismo inclui uma economia própria, uma
perspetiva histórico-política, uma dimensão sociocultural e uma dimensão
antropológica, que já enforma o documento final do Código Mundial de Ética do
Turismo. A matriz da Conta Satélite do Turismo, criada pela OMT, a partir de um
modelo conceptual que assenta nos serviços e produtos oferecidos pelo mercado e
no que parece ser a motivação e finalidade dos diversos segmentos turísticos,
não permite no entanto separar os produtos que são especificamente turísticos
do que são serviços prestados à sociedade em geral, seja nos transportes ou na
oferta cultural, como exemplos.
Mas sobretudo, tão pouco engloba todas as
novas categorias de produtos e atividades que configuram a oferta e a procura
turística contemporâneas_ os diversos Tipos de Turismo. Como seja, além do
Turismo Cultural, o Turismo de Natureza ( ou ecológico), o Turismo em Espaço
Rural, o Turismo de Idioma, o Turismo Itinerante, o Turismo Residencial de
Longa Duração, o Turismo de Mar e de Rio, o Turismo Escolar e Científico, o
Turismo Desportivo e de Desporto.
Propomos esta distinção e categorização
tipológica com base em dois critérios: As diferentes estruturas orgânicas. A
diferenciação dos seus produtos.
No plano conceptual, a superficialidade dos
inquéritos que usam o conceito da motivação é fruto da sua dissociação de outro
conceito, que deveria estar no cerne da recolha de dados empíricos e da
investigação, o conceito do gosto, que é originalmente dos domínios da Estética
e da Sociologia.
Está em curso provavelmente uma revolução
profunda nas motivações e no gosto da classe média, à escala internacional,
geradora de vastas alterações no mercado turístico, conduzindo à coexistência
de diversos paradigmas, com a clara ascensão do turismo cultural e de natureza
e conduziu ao nascimento da ética do turismo, área que continua subdesenvolvida
nos estudos académicos do turismo e na sua difusão e aplicação. O conceito de ecoturismo
nasce neste processo de mudança e refere não apenas a um segmento da atividade
turística, o turismo de natureza, mas constitui uma proposta alternativa de
modelo de desenvolvimento, fundamentada numa filosofia da natureza.
A controvérsia académica nesta matéria chega
à área do turismo da política ambiental que as conferências das Nações Unidas
sobre o Ambiente ( iniciadas em 1972) reconheceram como de importância
universal e portanto, de relevância para o turismo. Apenas em 2002 e na
conferência de Joanesburgo, o turismo surge com uma recomendação autónoma, na
sequência da World Ecotourism Summit,
realizada na cidade do Québec City, entre 19 and 22 May 2002 e onde tem origem
a“Quebec declaration on ecotourism”.
O risco de potencial conflito entre a
Filosofia Ambiental e o Global Code of Ethics for Tourism viria a ser ampliado
com o surgimento das novas correntes éticas: A Ética das Terra e a Ética
Animal! A perspetiva das Éticas Ambientais é sistémica, o Homem já não está no
centro do seu conceito de Valor, como senhor absoluto e discricionário de toda
a natureza. Segundo a perspetiva das éticas ambientais, cada atividade humana,
incluindo as atividades turísticas, deve subordinar-se ao respeito e
conservação pela “comunidade biótica e abiótica”, a Ética da Terra e a Ética
Animal com os seus valores, no sentido filosófico, Ético e Estético. E o Global
Code of Ethics for Tourism apresenta um carater vago e genérico e não
imperativo nas suas normas éticas.
A falta de rigor e confusão no uso dos conceitos
de natureza e ambiente, tal como ética e moral, mas também o carater plural das
éticas contemporâneas, conduz à necessidade de conhecer e debater estas
matérias no âmbito da ética do turismo.
A mudança de paradigma e a sua dimensão ética
leva à revalorização das Paisagens Culturais, organizadas para a atividade
turística em Rotas e Circuitos, integradas nos seus Destinos Turísticos. São os
seus produtos, do turismo cultural, de natureza, em espaço rural, etc., que
geram as principais mais-valias, mas não são as estruturas que organizam essas
Rotas e Circuitos, os museus, monumentos e parques, a recolher os maiores
valores; a renda do turismo é recolhida externamente nas já referidas Cadeias
de Valor.
O debate entre ecoturismo e os seus críticos,
teve como cerne a oposição entre turismo de massas, para designar as grandes
movimentações turísticas atuais e o turismo cultural e de natureza, que
conceptualizamos como turismo ambiental. Este enquadramento do debate foi muito
redutor e levou a extremar as posições.
Mas hoje já não faz grande sentido, atendendo
às mudanças de paradigma do mercado turístico internacional. A democratização e
socialização da educação e da cultura e a evolução dos principais mercados do
mundo resolveram a antiga oposição: O Turismo Cultural tornou-se um turismo de
massas, tal como o Turismo de Natureza, na América como na Europa e na Ásia.
Na raiz desta mudança, sobretudo a
transformação das “motivações” para a viagem turística e no “gosto” da classe
média, que aqui analisámos, sobretudo a partir do estudo de caso do Mercado
Ibérico, com incidência em Espanha, pela qualidade da sua informação
estatística e dimensão internacional.
O que constitui recurso turístico é a
paisagem cultural ( ou selvagem, onde a influência antrópica é menos evidente)
, humanizada, que investigaremos a seguir. A sua leitura e interpretação é a
base da criação do produto turístico e da sua primeira metamorfose de valor. É
a “ecologia da paisagem” e a sua “metafísica”, que constituem a essência do
recurso turístico, mas só a sua interpretação e leitura lhe confere um novo
acréscimo de valor cultural e económico. A paisagem não é um livro aberto,
inteligível empiricamente. A sua transformação em produto turístico passa pela
sua legibilidade, que lhe confere valor de uso;
é uma metamorfose que, no plano da economia gera valor, e é também um
processo de literacia cultural, mediado
pela construção da linguagem de comunicação turísticas; o resultado deste
processo altera a forma e a essência dos conceitos tradicionais de recurso e de
produto turístico.
Os novos produtos turísticos, do turismo
cultural e do turismo de natureza, como mercadorias que são, possuindo embora
um valor acrescentado e de troca comparável às mercadorias comuns, comportam-se
face à concorrência de um modo peculiar, que importa pôr em evidência. Cada
novo turista ganho para o gosto por um determinado produto do turismo cultural
ou de natureza, tenderá a procurar e consumir todos os produtos afins, isto é,
visitar todos os outros museus, monumentos, parques naturais, etc.. Esta
concorrência, pela diferenciação, gera complementaridade e redes de cooperação,
em vez de exclusão do concorrente.
Com a revolução técnico-científica o centro
da promoção turística para a cultura cibernética e, paradoxalmente, para o
“passa palavra”, só que agora, em rede universal.
Atualmente a=f(p), isto é, o alojamento (a) tornou-se
uma variável económica dependente do património (p).
A generalidade das unidades hoteleiras,
deixou de ser o polo de atração, tendendo a tornar-se dependente da existência
na sua área funcional de mercado de valores patrimoniais conservados e
acessíveis ao público.
São as Rotas e Circuitos do Turismo Cultural
e de natureza (Turismo Ambiental) , integradas nos seus Destinos Turísticos,
que geram as principais mais-valias, mas não são as estruturas que organizam
essas Rotas e Circuitos, os museus, monumentos e parques, a recolher os maiores
valores; a renda do turismo é recolhida externamente nas já referidas Cadeias
de Valor. A incompreensão deste paradoxo económico é a causa do conflito
histórico entre turismo e desenvolvimento, mas também a chave da sua superação,
particularmente na nossa época, em que emerge um novo paradigma do turismo, que
denominamos, turismo ambiental, isto é, turismo cultural, de natureza, em
espaço rural, com novos produtos ligados ao mar e ao rio, uma gastronomia
identitária e renovadas exigências ambientais de sustentabilidade, para todos
os restantes produtos turísticos.
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